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Quem foi Jean Monnet?

Conheça Jean Monnet, o político e conselheiro econômico francês, que apoiou a integração europeia durante toda a sua vida.

Jean Monnet: a força unificadora por trás do nascimento da União Europeia

O consultor económico e político francês Jean Monnet dedicou a sua vida à causa da integração europeia, tendo sido o inspirador do «Plano Schuman», que previa a fusão da indústria pesada da Europa Ocidental. Monnet era oriundo da região de Cognac, em França. Quando terminou o liceu, aos 16 anos de idade, viajou por vários países como comerciante de conhaque e, mais tarde, como banqueiro. Durante as duas guerras mundiais, exerceu cargos importantes relacionados com a coordenação da produção industrial em França e no Reino Unido.
Como consultor de alto nível do Governo francês, foi o principal inspirador da famosa «Declaração Schuman» de 9 de maio de 1950, que conduziu à criação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, considerada o ato fundador da União Europeia. Entre 1952 e 1955, foi o primeiro Presidente do órgão executivo daquela Comunida

Infância e Juventude

Jean Omer Marie Gabriel Monnet nasceu em 9 de novembro de 1888, na cidade de Cognac, na França. Após concluir o liceu aos 16 anos, seu pai, reconhecendo as extraordinárias habilidades interpessoais do filho que o tornavam extremamente apto para uma carreira no comércio internacional, enviou-o para Londres para trabalhar na empresa da família, dedicada ao comércio de conhaque. A partir dessa experiência inicial, Monnet viajou por todo o mundo como um respeitado e bem-sucedido homem de negócios.

Primeira Guerra Mundial

Em 1914, seu pedido de alistamento nas forças armadas foi rejeitado por motivos de saúde. Para servir seu país de outra forma, ele contatou o governo francês com uma proposta para melhorar a coordenação do aprovisionamento de guerra com a Grã-Bretanha. Sua proposta foi aprovada e o Presidente francês o nomeou intermediário econômico entre a França e seus aliados. Demonstrando grande aptidão profissional durante a guerra, aos 31 anos de idade foi nomeado Secretário-Geral adjunto da Liga das Nações, quando esta foi criada em 1919. Após a morte de seu pai em 1923, ele retornou a Cognac e conseguiu recuperar a empresa familiar, que estava em declínio. Nos anos seguintes, sua experiência em finanças internacionais o levou a se envolver estreitamente na reorganização dos setores financeiros nacionais de vários países da Europa Oriental, como Romênia e Polônia, a atuar como consultor do governo chinês, prestando assistência na reorganização de sua rede ferroviária, e a ajudar na criação de um banco em São Francisco.

Segunda Guerra Mundial

No início da Segunda Guerra Mundial, Monnet ofereceu novamente seus serviços ao seu país e tornou-se presidente de um comitê franco-britânico criado para coordenar a conjugação das capacidades de produção dos dois países. Ele conseguiu convencer os líderes britânico e francês, Churchill e De Gaulle, a estabelecer uma união política completa entre os dois países para combater o nazismo, mas esse plano foi abandonado no último momento.

Plano Monnet

Em seguida, Monnet ofereceu seus serviços ao governo britânico, que o enviou para os Estados Unidos para supervisionar a aquisição de material de guerra. Causando uma forte impressão ao Presidente americano Franklin Roosevelt, ele rapidamente se tornou um dos conselheiros em quem Roosevelt mais confiava, instando-o a expandir a capacidade de produção de equipamento militar nos Estados Unidos, antes mesmo de os EUA entrarem na guerra. Em 1943, Monnet tornou-se membro do Comitê Francês de Libertação Nacional, o governo francês de facto no exílio em Argel. Foi nessa época que ele explicitou pela primeira vez sua visão de uma união europeia para restabelecer e manter a paz. Durante uma reunião do comitê em 5 de agosto de 1943, Monnet declarou: "Não haverá paz na Europa se os Estados forem reconstituídos com base na soberania nacional (...) Os países europeus são demasiado pequenos para garantir aos seus povos a prosperidade e o desenvolvimento social necessários. Os Estados europeus devem constituir-se numa federação (...)." Em 1944, foi encarregado de elaborar o plano nacional de modernização e desenvolvimento destinado a reanimar a economia francesa e a reconstruir o país após a guerra.

Declaração Schuman

Após a aceitação e execução de seu plano, Monnet começou a perceber que a reconstrução e integração europeias não estavam ocorrendo tão rapidamente quanto pretendia, nem da forma que considerava correta. Diante do aumento das tensões internacionais, ele reconheceu a necessidade de tomar medidas efetivas para a unificação europeia e começou a trabalhar, com sua equipe, no conceito de uma Comunidade Europeia. Em 9 de maio de 1950, Robert Schuman, ministro dos Negócios Estrangeiros francês, fez a chamada "Declaração Schuman" em nome do governo francês. Essa declaração, impulsionada e elaborada por Monnet, propunha que toda a produção franco-alemã de carvão e aço fosse colocada sob uma alta autoridade. Essa proposta baseava-se na ideia de que, se a produção desses recursos fosse partilhada pelos dois países mais poderosos do continente, evitar-se-ia a ocorrência de futuras guerras. Como os governos da Alemanha, Itália, Países Baixos, Bélgica e Luxemburgo responderam favoravelmente, esta declaração lançou as bases da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, que antecedeu a Comunidade Económica Europeia e a União Europeia.

Após o fracasso, em 1954, da tentativa de criar uma "Comunidade Europeia de Defesa", Monnet fundou o "Comité de Ação para os Estados Unidos da Europa". Constituído para reanimar o espírito da integração europeia, este comité tornou-se um dos principais impulsionadores de muitos dos progressos realizados na via da integração europeia, como a criação do Mercado Único e do Sistema Monetário Europeu, as cimeiras do Conselho Europeu ou a eleição do Parlamento Europeu por sufrágio universal.

Apesar de ter concluído sua educação formal aos 16 anos de idade e contra todas as probabilidades, Jean Monnet desempenhou muitos papéis: homem de negócios internacional, financeiro, diplomata e estadista. Contudo, nunca foi eleito para qualquer cargo público e, por isso, nunca teve poderes políticos formais para aplicar suas ideias. Foi através de seu dom de argumentação e persuasão que ele convenceu os líderes europeus a trabalharem para o interesse comum e a entenderem os benefícios da cooperação.

Fonte: https://european-union.europa.eu/principles-countries-history/history-eu/eu-pioneers/jean-monnet_en

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